Frida Kahlo, Natureza Morta / Autorretrato
Magdalena
Carmen Frida Kahlo y Calderón, nascida a 6 de julho de 1907 e faleceu a 13 de
julho de 1954. Inspirada na cultura popular do seu país, empregou um estilo de
arte inspirado na natureza e nos retratos e autorretratos. Ao observar-se no
espelho, ao pintar-se uma e outra vez, Frida Kahlo vai conhecendo o seu corpo e
a si mesma e desse modo preenchendo a sua solidão com a presença dos muitos
animais de estimação, que lhe são dedicados e a acompanham igualmente na tela.
Os
seus autorretratos são talvez o género artístico mais conhecido da sua obra,
mas Frida Kahlo pintou também retratos de outros, amigos e clientes, naturezas
mortas, representando a vida e a morte, pessoas, a mãe natureza, a terra, o
universo e, naturalmente, a sua principal fonte de inspiração – a dor. A dor é
uma temática constante e uma fonte de energia no processo criativo de Frida
Kahlo. A vida, a morte, a dor, o acidente, Diego e a sua obra são
indissociáveis. Em toda a sua vida conheceu a dor, proveniente das sequelas da
poliomielite e do acidente, mas também de se defrontar com a impossibilidade de
concretizar a maternidade, da infidelidade de Diego a quem, movida pelo
desespero, considerava o segundo acidente na sua vida.
The
Broken Column é um trabalho intimidante pela força que
transmite, pela visibilidade da sua própria coluna desfeita em pedaços, pela
dor da impossibilidade de dar à luz, em consequência do acidente.
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The Broken Column,1944 |
Com
efeito, a dor, o sofrimento, a infelicidade e a morte são a génese da sua obra.
Tal como nos autorretratos, os estados de alma da artista são também expressos
nas suas naturezas mortas – a dor e o sofrimento causado pela impossibilidade
de concretizar a maternidade, a ansiedade da separação, do medo, da morte. Os
frutos e as flores são cortados e expostos de forma a deixarem à vista não só
as sementes, mas também o seu interior, lembrando os órgãos internos humanos.
Em
Tunas (Still Life with Pricky Pears, 1937), frutos de cato vermelhos fazem
lembrar corações ensanguentados; em Still Life, (1942), encontramos uma abóbora
parecida com um útero rasgado, um fruto parecido com um coração estripado, com
artérias e veias cortadas, um outro fruto lembrando uma vulva.
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Tunas (Still Life with Pricky Pears, 1937 |
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Still Life, 1942 |
Em
Flower of Life (1943), a flor é em tudo semelhante ao aparelho reprodutor feminino,
mas, sob uma perspetiva interior, é também a representação do ato sexual e do
orgasmo, uma explosão de vida. Representa o interior microcósmico do corpo
feminino e, ao mesmo tempo, como um foguete, aponta para o infinito. As suas
naturezas mortas são geralmente herméticas e difíceis de interpretar, ao
contrário do que possa parecer numa primeira leitura, são resultado das suas
reflexões e momentos contemplativos, mas todas têm uma coisa em comum: a
consciência da morte. Pelo contrário, o quadro Sun and Life (1947),
representa uma gravidez mal sucedida.
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Flower of Life, 1943 |
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Sun and Life, 1947 |
Lia Lourenço 150389
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