Tela-corpo

Helena Almeida (1934-2018), filha do escultor Leopoldo de Almeida, formou-se na Escola Superior de Belas-Artes em 1955 e , em 1961, participou na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Galouste Gulbenkien (FCG). Em 1964 recebeu uma bolsa de estudo da FCG para prosseguir os estudos em Paris. É na capital francesa que vai entrar em contacto com a arte conceptual.
Tela rosa para vestir, 1979 
 Nesta obra fotográfica, dos primórdios da sua carreira, a artista incorpora, simbolicamente, o suporte habitual da pintura, criando uma continuidade entre corpo e tela. Nesta obra deparamos-nos com a primeira captação fotográfica do corpo inteiro da artista. Esta pousa para a câmara, de pé, com a tela  sobre o peito, com mangas que proporcionam uma certa continuidade visual com a tela, usando calças e sapatos pretos.
A maneira da artista interrogar os limites do espaço pictórico converte-se numa performance emblemática. A arte supera, pois, os limites impostos pela própria tela e extravassa para o corpo da artista que se transforma ele mesmo em pintura viva. Nas palavras da artista : “a tela tornou-se uma figura antropomórfica”.
Pedro Sousa

Comentários

  1. De facto, este é o princípio de uma série de experiências em que a artista usa o seu corpo como suporte de um alfabeto reconhecível numa longa série de fotografias a preto e branco que interrogam as possibilidades expressivas da matéria viva.

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