3 versões da mesma performance
Irei apresentar-vos 3 performances muito semelhantes, todas
com o mesmo objetivo. A sua realização comprova como é tão fácil “objetificar”
um ser humano apenas por ele se encontrar indefeso, imóvel e neutro. Com o
passar de alguns minutos, as pessoas conseguem tornar-se autênticos seres
primitivos, selvagens e atrozes, sem qualquer tipo de valores morais.
A primeira foi criada em 1964 por Yoko Ono, e é intitulada Cut Piece; dez anos depois, Marina Abramovic
realizou Rhythm 0. Por último, quero mencionar uma performance a que assisti no âmbito do
Festival de Teatro Académico, FATAL, que decorreu na cantina da FLUL, e foi
inspirada pela peça de Abramovic.
Cut Piece
realizou-se num palco para concertos, e Ono convidou os
espetadores a serem também eles participantes ativos. Era-lhes dada uma tesoura para cortarem a roupa da artista e no final da performance, Ono ficou de tronco nu, e desprotegida, cobrindo o peito com as mãos.
Por fim, a performance a que assisti na cantina da faculdade, foi
também à sua maneira agressiva e rebuscada. Partia de um pressuposto idêntico ao de Abramovic, dispondo diversos
objetos sobre uma mesa: houve quem lhe cobrisse o rosto com plástico aderente, deixando-o quase sem respirar, só de roupa interior; obrigaram-no a beber uma garrafa inteira de álcool; atiraram-lhe água fria;
foi deitado em cima de uma mesa e amarrado, sob uma cadeira cheia de
pratos de comida e outros pesos...
Julgo que estas performances nos demonstram como o ser
humano pode ser bárbaro e tratar os outros como autênticos objetos quando lhe é
dada a oportunidade.
Nuno Dias
Grata pela partilha, Nuno. Devo confessar que a mim me fascina a passividade da audiência face à crescente agressividade de alguns dos seus membros, pois a liberdade de ação não condena a eventual crítica... esta atitude de voyeur passivo lembra a psicologia das massas e os crimes políticos assim cometidos.
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