Vai Votar

Uma semana antes das eleições legislativas, que tiveram lugar no passado domingo, dia 6 de Outubro, partilhei nas redes sociais este vídeo de um minuto com o intuito de incentivar as pessoas, em particular os mais jovens, a exercerem o seu direito ao voto.


Explorei as motivações por detrás do vídeo nesta crónica publicada no P3 do jornal Público.

No dia das eleições, a jornalista Sofia Freitas Moreira da Renascença acompanhou-me às urnas e fez uma pequena reportagem sobre o meu projeto, comentando as reações à noite eleitoral e dando-me oportunidade de expor a minha crença de ser fundamental exercer o direito de voto de forma consciente.

Aquilo que hoje damos por garantido foi resultado dos muitos que lutaram e sofreram para o conquistar. Não devemos votar apenas por respeito a quem nos antecede, mas também porque é uma responsabilidade individual. Todos nós que vivemos na sociedade portuguesa, somos delimitados por ela e não ter algo a dizer sobre isso, é não ter algo a dizer sobre a nossa própria vida. O meu objetivo com o vídeo é tocar nos temas do quotidiano que afetam toda a gente, de maneira a provocar o observador, para que este compreenda que depende apenas dele fazer-se ouvir. No entanto, sei que apesar de este vídeo ter alcançado cerca de 12 000 pessoas, não é suficiente para fazer a diferença, até porque a grande maioria que o visualizou e partilhou, fê-lo precisamente porque vota. É preciso uma maior mobilização para chegar ao público-alvo em causa, o que provavelmente também requer mais do que um minuto para surtir um efeito significativo.

O aparecimento de novos partidos surge em resposta à insatisfação da população e a procura por representação, por isso no domingo houve uma maior dispersão dos votos, tanto à esquerda como à direita. Ainda assim, de acordo com a tendência, a taxa de abstenção aumentou como acontece a cada quatro anos, desde 25 de Abril de 1975 (primeiras eleições legislativas), em que a taxa de abstenção foi de 8,5%. A notícia menos má é que o número de eleitores aumentou e por conseguinte o número de cidadãos a votar foi superior a 2015.

No decorrer das nossas aulas comecei a questionar-me de que maneira é que esta iniciativa podia ser arte, e se está socialmente comprometida ou não. A meu ver torna-se arte a partir do momento em que através dum meio, neste caso as ferramentas multimédia, procuro passar uma mensagem a um qualquer observador. Apesar de não me comprometer com nenhuma posição política estou a fazer uma intervenção social, de onde é possível fazer uma leitura política, demonstrando que os jovens estão preocupados com a abstenção (porém, não todos, uma vez que a taxa incide sobre esta faixa etária). Lembrei-me ainda de Joseph Beuys (1921-1986), um artista alemão formalista dos anos 1960, que afirma sermos todos artistas em potência, o que me leva a crer que também eu tenho potencial para ser uma agente de mudança na minha comunidade. Reivindicar a minha voz é afirmar-me e ainda que não domine técnicas de desenho, pintura ou escultura, nos dias de hoje com o pós-modernismo é-me permitido ser artista através de novas plataformas de expressão. 

Leonor Wong Castelo nº151034

Comentários

  1. Grata pela partilha do seu interessante e motivador trabalho, Leonor. Gostava de saber mais sobre o seu contexto de produção — foi encomendado pela Comissão Nacional de Eleições ou veio do seu desejo (e da Sara Domingues) de se manifestar sobre este tópico? por onde fez circular o vídeo? Infelizmente, os links que apresenta para o artigo e a entrevista não funcionam; será que os consegue rever? Gostaria muito de saber mais sobre este projeto.

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  2. Boa noite professora,
    Obrigada pelo comentário! Já actualizei os links, penso que agora é possível aceder de forma a responder às questões que coloca.
    Atenciosamente, Leonor

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  3. Grata, Leonor. Inseri os links dentro do texto, entretanto, e deixo-lhe o convite de fazer um post sobre o programa Women2Women.

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