NIKI DE SAINT PHALLE: SHOOTING SESSIONS
Niki en train de viser, 1972
Primeiramente, a artista plástica dispunha sacos de tinta e diversos objetos numa tela e cobria-os com uma espessa camada de gesso. O processo de criação final da obra era efetuado sob forma de performance à vista do público (e por vezes com a sua participação direta). Consistia em rebentar os sacos de tinta com uma caçadeira, libertando assim a cor, que escorria ao longo da superfície branca de gesso.
Há uma dimensão fatal nesta performance, Niki De Saint Phalle (1930-2002) “faz sangrar” a obra dela como podemos observar no Grand Tir. A performance torna-se catártica quando permite à artista libertar-se dos valores paternalistas e conservadores contra os quais luta.
A performer e os espetadores assistem então à destruição simbólica das “figuras de autoridade”. A natureza violenta desta performance pode ser vista como uma revolta contra a idealização da figura masculina e da sua virilidade. Aqui a artista vai usar uma atividade reservada aos homens para a sua performance. Será uma alusão paródica ao "Action Paintings" de Jackson Pollock? De facto, ao longo da performance, ela assume uma postura extremamente “masculina” e “dominante”, de modo a lutar contra a imagem da mulher doce e delicada socialmente imposta.
Grata pela partilha da obra desta figura iconoclasta que desde cedo se rebelou contra os ditames sociais, tendo criado, como auto-ditata, uma obra vasta e diversificada, por vezes com tonalidades violentas, como a Helena sugere.
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