Em Roda das Árvores_Performance Coletiva

Este projeto adveio da perturbação e tristeza causadas pela destruição do jardim na entrada principal da FLUL, que teve lugar este verão quando a maioria da comunidade académica estava ausente. Um aluno enviou-me um email com fotografias das árvores decepadas, expressando o seu transtorno e a sua incapacidade de fazer sentido da ocorrência. A administração alegou que as raízes de uma ficus adulta (com quase 50 anos) estavam a danificar estruturalmente o edifício e argumentou que por cada árvore derrubada seria plantada outra.

Num momento em que a desflorestação e os fogos na Amazónia e no Ártico estão a piorar a atual crise ecológica, convidamos os participantes a sentarem-se em círculos à volta de uma  árvore e a respirarem juntos, ligando-se a todas as árvores na Terra. Em Roda das Árvores pretendia ocupar o jardim renovado por um dia, durante o horário de abertura da faculdade, para desafiar “os industriosos sujeitos da academia” a suspenderem as suas atividades e (seguindo um guião que inclui o excerto de Hesse acima citado) desenvolverem um diálogo silencioso com a árvore no centro do círculo. No entanto, não fomos autorizados a usar esse espaço pois a relva não está consolidada; vamos pois fazer a performance nas árvores mais próximas, do outro lado da rua.

No contexto da Greve Climática Global, esta performance interroga alguns dos pressupostos ideológicos do Antropoceno, nomeadamente a mercantilização dos seres sencientes de acordo com uma perspetiva utilitária do planeamento urbano; a estratificação do espaço social e os dispositivos institucionais de silenciamento e dominação; a hegemonia da abordagem discursiva da realidade que oblitera outros modos de perceção; a obsessão com a produtividade e a ordem à custa da contemplação e da utopia.

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Conceção: Diana V. Almeida

Produção: Inês Almeida, João Gabriel, Mandala de la Rivière, Ricardo Falcato Lopes

Apoios: 2degrees Artivism, Greve Climática Global, Plataforma em Defesa das Árvores, Quinta dos 7 Nomes

Agradecimentos à Ana Pais e ao Pedro Terrinha pelas sugestões bibliográficas e pelo diálogo que contribuiu para modelar esta proposta

Performance integrada no congresso “BreakingBoundaries: Academia, Activism and the Arts”, FLUL, 25-27 set. 2019