Photo Ark

Como fã ávida de fotografia e do mundo da fauna não poderia deixar de ir ver a exposição Photo Ark, da National Geographic, que é a das mais visitadas em todo o mundo, e que se encontra atualmente na Cordoaria Nacional, em Lisboa.

“Diz-que que as pessoas só salvam aquilo que amam. E certamente que não podem amar algo que não sabem que existe. É aqui que entram as fotos.” (guião da exposição)
Durante mais de 10 anos, Joel Sartore fotografou cerca de 12 mil espécies de animais que vivem em cativeiro, e nesta exposição encontramos cerca de 100 animais de todo o mundo. Este projeto nasceu da vontade de querer parar, ou pelo menos abrandar, a perda de biodiversidade a nível mundial, alertando-nos para o facto de que, se nada fizermos, em 2100 metade das espécies animais poderão estar extintas.
“Ao olharmos diretamente para os olhos destes animais descobrimos uma beleza que vai para além do que pensávamos conhecer sobre cada um deles. Esta é, sem dúvida, a missão da National Geographic, promover a conservação, mas também a exploração e a ciência, através de imagens e palavras impactantes, que marquem a diferença e nos levam “mais além”, nos nossos atos e forma de estar na vida.”, Luís Fernambuco (VP Genral Manager, National Geographic Partners Portugal).

A maior parte das fotografias tem um fundo preto ou branco, o que nos leva a focar mais nos animais e na forma como eles olham para nós. Para mim, animais que, por vezes, pareciam menos belos, adquiriram “outras cores”, e ganhei por eles uma nova paixão e afeto. De animais com apenas alguns centímetros, a animais que pesam toneladas, a variedade que podemos ver nesta exposição é grande, mas isso também significa que os animais em vias de extinção e as espécies vulneráveis são muitas.

“When we save species, we’re actually saving ourselves.” (guião da exposição)
Enquanto me encontrava no meio de todas aquelas fotografias magníficas de animais belíssimos, e quando começou a entrar na minha mente que muitos daqueles seres vivos daqui a alguns anos poderão deixar de existir, muitos devido a ações erradas dos humanos, comecei a sentir uma esmagadora sensação de culpa e de tristeza, pois, se nada for feito tudo se irá perder, e o único que pode fazer algo para isto mudar é o culpado que levou a toda esta situação em primeiro lugar, o ser humano.
“Art’s role is to generate guilt, and thereby change.” (De Botton e Johnstone 191)
O único ponto que achei que faltou nesta exposição foram imagens que promovessem a conservação ambiental através de algum choque, ou seja, a exposição apenas contou com imagens soberbas dos animais, quando seria também ideal a presença contrastante, negativamente, de imagens da exploração abusiva que fazemos aos animais e aos seus habitats.
No entanto, não deixo de louvar a dedicação deste fotógrafo a uma causa tão nobre como esta, que alerta para os perigos e consequências das ações humanas, lembrando que pequenas ações no nosso dia a dia fazem sempre a diferente. Joel Sartore adotou esta missão e promete continuar a documentar o maior número possível de espécies que se encontram aos cuidados dos seres humanos. Seria interessante haver quem se dedicasse a realizar uma documentação idêntica no campo da flora.

Photo ArkLisboa”, National Geographic
Sartore, Joel e National Geographic, “Por dentro da Arca: um guia para o projeto Photo Ark”, Photo Ark.
De Botton, Alain e John Armstrong. Art as Therapy. Phaidon, The School of Life, 2017.
Cristina Marques Nº 145631

















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