Absorvendo o Tabu (Period. End of Sentence, 2018)

Absorvendo o Tabu é um documentário da Netflix que retrata a iniciativa de mulheres do Distrito de Hapur, na Índia, de romper com o estigma da menstruação pela venda de pensos higiênicos manufaturados por elas próprias. 

É fato que a menstruação é um tabu até na sociedade ocidental. As mulheres não costumam falar abertamente sobre o assunto nem entre elas mesmas e o sangue do período ainda é visto como sujo e desagradável. A falha de comunicação e a falta de conhecimento no mundo faz com que muitas mulheres tornem-se esquecidas. Já pararam para pensar como as mulheres moradoras de rua lidam com o sangramento todos os meses? Já pararam para pensar que há milhares de mulheres esquecidas em sociedades extremamente patriarcais, que embebidas em um tabu acerca da menstruação, deixam de trabalhar ou estudar por que não conseguem lidar com o sangramento persistente todos os meses? 



Este documentário, da diretora americana Rayka Zehtabchi, nos apresenta a realidade de mulheres indianas que não querem mais ser esquecidas. Um grupo de sábias, subversivas ao sistema patriarcal dominante, decide unir-se para conscientizar uma cidade sobre o que é o período menstrual e sobre o que deve ser feito quando ele chega. 

Para as meninas, apesar da timidez no início, foi mais fácil ensinar. Para os homens, a informação chegou e foi absorvida de maneira melindrosa e com ar de dúvida, tendo em conta a anterior completa ignorância sobre o assunto.

Após a conscientização, o grupo começou a produzir pensos higiênicos de forma manual e de baixo custo, com ajuda da máquina de pensos inventada por Arunachalan Murugantham. Já no primeiro dia, elas conseguiram distribuir e vender várias caixas do produto. 

Além do fato destas mulheres conquistarem a independência econômica, a conscientização e a manufatura de pensos (antes inexistentes no local) vai mudar radicalmente a forma que as mulheres relacionam-se naquela sociedade. Tal iniciativa é um grande passo para quebrar com os paradigmas de que o sangue do período é sujo e ruim, ou que uma mulher durante o período não pode entrar em templos sagrados e entre muitos outros. A iniciativa é uma semente que foi semeada para dar uma árvore cheia de novos frutos naquele local. A luta das mulheres continua todos os dias e há ainda muito a ser mudado.

O documentário e a máquina de filmagem foram financiados pelos estudantes da Oakwood School, em Los Angeles, através da venda de bolos, Kickstarter e Yogathon. Recentemente ganhou o Oscar de Melhor Documentário pequeno. 

Isadora Regis.

Comentários

  1. Que iniciativa incrível! É verdade que temos tendência a viver na nossa bolha cultural e, por vezes, não pensamos como assuntos mundanos são tratados em países considerados não desenvolvidos. É muito importante consciencializarmo-nos sobre o que se passa à nossa volta e é muito bom saber que existem pessoas com iniciativas que estão a mudar realidades. Obrigada pela partilha!

    Joana Melo Martins

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