Tópico de debate - Tecnologia
Achei por bem iniciar o movimento por
aqui.
Decidi extrair um tema que a professora mencionou no início da aula. Achei por bem falar da tecnologia e porque não? Bem, cá vão algumas reflexões para começar um debate. Nada como posts sobre pontos de vista que podem causar alguma pancadaria por aqui para aquecer uma tarde de quarta-feira, não acham?
Já agora, se depois quiserem podem falar comigo de forma pacífica — por favor, não me encontrem num beco escuro, não sou boa em discussões físicas — ou só para saberem quem eu sou em termos académicos.
A tecnologia faz parte da nossa vivência enquanto sociedade. O nosso presente é construído atualmente sobre pilares em código binário. A nossa vida está atrás de um ecrã e é facilmente acessível a quem pretender pesquisar no Google o nosso nome, ao ponto de conseguir encontrar o nosso rosto, as nossas redes sociais. É assustador. Parece assustador. Temos tendência para abominar a mudança; tendência à negação, a não querer saber, ao afastamento. Quer dizer, ninguém gosta de mudar. Quem gostaria? Se está tudo bem, é para manter assim e acabou; fica tudo bem. Quais teclados ergonómicos ligados a telas mágicas que formam pixels através de cristais líquidos, qual quê. Só quem tem capacidade para compreender a evolução é que a aceita; minto, só quem tem capacidade para compreender a evolução é que a entende com todas as suas letras, porque entender e aceitar são conceitos completamente diferentes.
Nós, falo pelos anos 1990s e 2000s,
nascemos durante o maior boom tecnológico que este
mundo já viu. Temos, pois, a sorte (ou o azar, depende do ponto de vista) de conseguirmos
acompanhar e crescer com a própria tecnologia; ela está-nos no sangue, faz
parte das nossas veias e isso sim torna-nos cyborgs de forma espiritual,
e até me arrisco a dizer que pessoas da minha idade, e talvez até mais velhas,
estão perdidas sem o seu Notebook ou telemóvel na mala. Seja em assuntos
profissionais, pesquisa, estudo, lazer, comunicação.
Em contrapartida, claro, há sempre o
bom e mau de todas as coisas, mas o que seria do mundo sem contradições ou
discussões acesas, não é? A nossa vida, falo agora talvez dos que têm a vida
numa base de dados digital, baseia-se em constantes relações à distância. Dar
um toque ao amigo quando chegarmos ao café, ou descobrir a falta de um
livro nas livrarias de Lisboa e poder encomendá-lo a qualquer momento do outro
lado do mundo... Não haver PDFs. Vocês já pensaram como seria uma
universidade sem PDFs? Teríamos de frequentar a biblioteca! Não é um
escândalo?
Eu falo assim de forma irónica, por
favor compreendam. Sou assídua na biblioteca na escola tanto quanto sou assídua
na minha vida digital. Gosto de imaginar que relações podem formar-se por ali,
dentro de uma pequena caixinha chamada Internet e a partir dali, marcar
encontros para conhecer amigos online ou simplesmente trocar ideias
sobre certos livros e séries que vivi. Não haver comunicações instantâneas
parece-nos tão irreal, tão obsoleto e do século, talvez do milénio, passado.
E não há problema nenhum nisso, acho
eu. Eu gosto porque é o que eu conheço... e lá estamos nós a voltar às origens. Eu
gosto de estar dependente da Internet, de ter a minha vida formada
através dela porque, graças a isso, descobri que a minha paixão era escrever. Através da Internet, partilho tudo da minha vida —
e não me interpretem mal, por favor, não sou o tipo de miúda viciada em likes,
até porque acho muito mais interessante participar em chats do que
propriamente viver do Facebook. Parece-me impensável, a mim e a qualquer
pessoa daqui acho eu, viver sem uma comunicação à distância de um clique ou de
escrita compulsiva pelos dedos num Touchscreen instantâneo. Eu
gosto.
Considero a tecnologia o ponto de
abertura da nova era que se chama anos dois mil e adiante. Claro, falo como
uma mera pirralha de dezoito anos que ainda acha que existem unicórnios, mas é
a minha realidade, e aposto que a vida das gerações anteriores com a minha idade seria estudar através
de calhamaços ou sei lá o quê (o que quer que se fazia antes da Internet). É isto
que conheço; é disto que gosto. E não quero outra realidade; e não vos
censuro por pensarem o oposto de mim. É para isso que falo convosco —
debates, saber pontos de vista novos; é para isto que eu quero a tecnologia e
comunicação.
Quero saber o que vocês acham.
Grata pela sua reflexão, Marta, que, pelos vistos, até agora, só gerou resposta de um ser jurássico que nasceu antes de a internet ter sido inventada como um sistema de comunicação das forças armadas estado-unidenses (infelizmente, grande parte da tecnologia nasce de investigações bélicas). É interessante usarmos os instrumentos ao nossos dispor para nos enredarmos no mundo, sim; e pensar também (conseguir imaginar) a possibilidade de viver além da comunicação virtual, numa realidade em que o toque da pele substitui o ecrã... mas, hoje em dia, somos já todos ciborgues, como sugeriu a Donna Haraway na década de 1980.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarConcordo que a tecnologia nos facilita muito a vida - quer académica, quer social. Sabe bem puder comunicar com o amigo que decidiu regressar às origens - e que atualmente temos todo um Atlântico (e um bilhete de avião por uns meros 300€) entre nós - ou com a amiga que foi fazer uma viagem indefinida pelo mundo (e, assim, me pode ir pondo a par das novidades e não tenho de esperar que me venha bater à porta para dizer que regressou). Como tudo, tem os seus prós e contras. Cabe-nos a nós não nos deixarmos enredar demasiado pelo mundo do outro lado do ecrã e não nos esquecermos de viver no mundo não virtual.
ResponderEliminarJoana Melo Martins